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Na imagem, mão com luva azul segura um frasco de vacina meio cheio.

Como argumentar contra notícias falsas relacionadas à vacinação:

O ato da vacinação é um dos grandes responsáveis pelo aumento da expectativa de vida no mundo.  

Entretanto, há um movimento anti-vacina, em inglês conhecido como anti-vaxxer movement, que passou a crescer e utiliza a internet para propagar informações sem confirmação científica sobre a vacinação.

Uma das consequências dessa onda de desinformação é a redução dos índices de vacinação, ocasionando a volta de doenças, como o sarampo.

 

Os avanços trazidos pelo desenvolvimento das vacinas

Há muitos anos atrás doenças como rubéola, poliomielite, meningite e tétano eram letais. A estimativa é de que de cada 10 crianças que contraíam uma dessas doenças, 4 morriam.

Em uma entrevista para o canal BBC o médico oncologista Drauzio Varella fala sobre a situação que presenciou por volta dos anos 1940, na sua infância, antes do advento da vacinação e como isso acabou mudando:

 

"Quando eu era menino, cresci num bairro operário de São Paulo, havia as chamadas doenças da infância. Era como um tributo que se tinha que pagar para chegar à adolescência [...] quando surgiram as vacinas, houve uma queda abrupta não só das doenças, mas da mortalidade infantil. A mortalidade infantil caiu muito. No Brasil, lá pelos anos 1950, chegava a mais de 100 crianças mortas para cada mil habitantes. Praticamente 10% das crianças morriam até os primeiros cinco anos de vida."

 

Não é nenhum segredo que a invenção da vacina e a constante divulgação de campanhas de vacinação teve uma grande importância para a saúde pública brasileira. Os níveis de mortalidade infantil diminuíram e a expectativa de vida dobrou entre os anos de 1900 e 2000, segundo o médico. 

Além disso, o Brasil recebeu reconhecimento internacional pelos seus números de vacinação em crianças menores de dois anos de idade, que costumava aumentar a cada ano.

 

Antivacinação: o movimento oposto

Os defensores do movimento antivacina, ou “anti-vaxxers” compartilham teorias que falam sobre os supostos malefícios das vacinas para as crianças, criando uma relação entre vacinação e o desenvolvimento do autismo.

Esse grupo de pessoas tornou-se uma ameaça não apenas por trocarem entre si informações e teorias sem bases científicas ou já refutadas dentro do meio médico, mas por, principalmente, compartilharem essas falsas notícias através de redes sociais.

 

O ex-médico que inspira os argumentos do movimento antivacina

Em 1998, o britânico Andrew Wakefield publicou uma pesquisa científica em uma revista bastante respeitada da época. 

Sua pesquisa relacionava a vacina da tríplice viral (vacina que previne a caxumba, rubéola e o sarampo) ao desenvolvimento de autismo em crianças.

Anos após a publicação, médicos e cientistas começaram a questioná-la até descobrirem que o estudo era uma fraude.

O próprio Wakefield não era contra vacinas, ele queria favorecer a sua versão da vacina tríplice viral. Andrew Wakefield perdeu sua licença médica em 2010.

 

De questão individual para saúde pública

Os reflexos desse movimento já podem ser vistos ao redor do mundo, especialmente na Europa e na América do Norte. Um caso que ganhou grande visibilidade foi na Itália, onde, em 2017, houve um surto de sarampo que teve mais de 4000 casos. No Brasil, o sarampo havia sido anunciado como erradicado em 2016, contudo, em 2018 a Organização Mundial da Saúde (OMS), alertou para novos casos da doença no país.

 

A vacinação não representa riscos para o sistema imunológico da criança, pois apenas incentiva a produção de anticorpos.

A partir do momento que crianças deixam de ser vacinadas cria-se um grupo suscetível a contrair determinadas doenças.

Essas doenças podem ser disseminadas para outros dois grupos que não podem receber vacinas: os que ainda não tem idade para serem imunizados e pessoas com alguma deficiência imunológica. É por isso que a sociedade fica mais exposta a surtos e retornos de doenças já erradicadas, como relembrado pelo Dr. Drauzio a respeito do retorno do sarampo:

 

"Nós não tínhamos no Brasil mais ninguém com sarampo. O que aconteceu? Quem eliminou o sarampo da população brasileira? Foi a vacina, evidentemente. Mas começaram a aparecer crianças não vacinadas, no caso do Brasil houve uma imigração da Venezuela, muitas ou algumas das crianças não eram vacinadas. Chegaram ao Brasil. Se elas encontrassem toda a população vacinada naquele momento, não haveria risco nenhum. O problema é que havia crianças brasileiras que não estavam vacinadas. E o sarampo, que era uma doença que havia desaparecido, foi reintroduzido.”

 

Ou seja, quanto mais pessoas se vacinarem, mais grupos estarão protegidas. Este fenômeno é chamado de efeito de rebanho, o que faz da vacina passar de simples decisão individual para questão de saúde pública.

 

Vacinação infantil: a dor da aplicação é compensada pela eficácia

Alguns pais sofrem só de imaginar os filhos pequenos enfrentando as agulhas, mas a vacinação injetável costuma ser só uma “picadinha de mosquito”, e é uma das formas mais eficientes para evitar doenças.
 

A vacinação é eficaz para proteger não só a criança, mas todos que convivem com ela.

Dados da OMS demonstram que de 2 a 3 milhões de vidas são salvas por ano com a vacinação.

Segundo o Dr. Drauzio “As vacinas foram o maior avanço da história da medicina”, de modo que as teorias relacionadas com a sua falta de eficácia são apenas isso, teorias.

 

Como não ser enganado(a) por informações falsas?

Se você leu alguma coisa nas redes sociais e ficou na dúvida sobre a veracidade da informação, esse é o primeiro sinal de alerta.

Na dúvida, pesquise a fonte da notícia, se é de um jornal confiável ou de uma revista de medicina renomada, e não compartilhe algo do qual você não tem certeza.

Lembre-se, opinião não é fonte de informação válida quando se trata de questões científicas.

Sobre a vacina contra Covid-19, busque fontes oficiais de informações, como o site do Instituto Butantan, que lista FATOS x FAKES sobre vacinação.

Saiba como argumentar caso alguém afirme que:


1. A vacinação pode causar autismo

De acordo com o Butantan, “um estudo feito pelo Instituto Serum Statens, da Dinamarca, com 657.461 crianças: em nenhuma delas foi detectado risco aumentado de transtorno do espectro do autismo após a vacinação.”.
A pesquisa do ex-médico britânico Andrew Wakefield, comumente utilizada pelos antivacinas, foi fraudada.

 

2. A decisão de vacinar ou não impacta somente a família

As metas de vacinação levam em conta o conceito de Imunidade do Rebanho. Quando se vacina um número extremamente expressivo de pessoas, a cadeia das infecções perde força.
Uma pessoa imunizada protege todas as pessoas com as quais ela entra em contato. 
Essa porcentagem é definida pelos infectologistas, e o cálculo é único para cada tipo de doença.

 

3. As crianças podem ter o sistema imunológico fragilizado pela vacinação

A vacinação não causa danos ao sistema imunológico, e os antígenos utilizados são incapazes de causar a doença.

Quando se trata de saúde, a vacinação é uma decisão é coletiva, pois afeta todas as pessoas com as quais você ou os seus filhos terão contato.

A falta de memória a respeito de grandes epidemias também cria uma aparente tranquilidade, em que a necessidade de proteção se torna menos urgente.

O Sarampo estava erradicado no Brasil, e em 2016 recebeu até um selo da Organização Mundial de Saúde. Contudo, com a queda dos níveis de vacinação a doença voltou a causar mortes no país em 2018, e em 2019 um surto foi registrado em São Paulo, com mais de 14 mil casos confirmados de infectados.

A vacinação é uma decisão que afeta o coletivo, e salva não só as vidas de quem foi imunizado, mas também de quem entra em contato com vacinados.

 

Vacina boa é vacina no braço. Estando protegido você também pode fazer o bem para outras pessoas. Você sabe como ser doador de sangue?

Você já doou sangue? Entenda a importância dessa doação: